31 outubro 2011

Oficinas Culinárias realizadas em Acrelândia, AC, em julho 2011 - I

Por Lúcia Guerra


Palestra com o grupo de pessoas da Ginástica Pública

Após a chegada dos pesquisadores (Bárbara, Pablo, Neide e Lúcia) em Acrelândia (domingo, dia 10/07/11) nos alojamos e no dia seguinte tivemos uma reunião com o Secretário de Saúde do município Claudemir Albuquerque Soares. Nesta reunião tratamos das possíveis datas e locais  para a realização das palestras, oficinas culinárias, piquenique, além de identificarmos os atores sociais que compunham aquele cenário. Por exemplo: a Ivone coordenadora do NASF, a Deise Bertolino (nutricionista/NASF), o Edinei (educador físico/NASF), a Thassiana (nutricionista da educação, responsável pela merenda escolar), o Mauro (responsável por nos fornecer informações sobre os agentes de saúde) e a Ingrid (coordenadora da Atenção Básica à Saúde). Identificamos também, locais que seriam importantes para realização das oficinas - o espaço do Centro de Cultura e Florestania e o Centro de Referência da Assistência Social/CRAS (coordenadora Jane). 


Centro de Cultura e Florestania (Foto: Fábio Look)
Centro de Referência da Assistência Social - CRAS (Foto: Fábio Look)
Com esta reunião, saímos à visitar esses lugares, conhecer essas pessoas e nos apresentarmos à elas. Fomos muito bem recebidos e todos logo se juntaram para nos auxiliar na realização das atividades.
Depois deste primeiro contato, no segundo dia in locus, iniciamos à pesquisa de campo no bairro Portelinha e ao mesmo tempo iniciava-se o reconhecimento dos alimentos disponíveis nos quintais de Acrelândia. Com o cair do dia, retornamos para casa localizada na Av. Paraná, pois  iríamos no apresentar para o grupo de pessoas da ginástica pública que o Prof. Edinei realiza no ginásio de esporte, todas as terças e quintas-feiras, às 19h (conta com a participação de algumas crianças, adolescentes e muitas mulheres adultas de 20 a 60 anos)
Havíamos combinado de após a ginástica, nos apresentarmos. A Bárbara falou um pouco sobre a pesquisa realizada em 2009 e a Neide fez o convite para a palestra dela chamada "Hortas Esquecidas", a realizar-se na quinta-feira. Assim, no outro dia seguimos com a avaliação do ambiente alimentar. 
Chegado o grande dia, nos preparamos (datashow, tela, palestra e cestas com alimentos que colhemos...tudo OK!), fomos todos para o ginásio. Aconteceu a ginástica e posteriormente, assumimos a condução da atividade. A acústica não era muito boa, mas a Neide foi no 'gogó' mesmo!

Quando ela começou a falar e mostrar as fotos dos alimentos, as pessoas ficaram muito atentas e começaram a se identificar com que ela apresentava, perguntavam, relembravam e reconheciam os alimentos. A curiosidade foi despertada! era visível nos rostos, nas conversas de canto um com o outro que algo familiar estava sendo resgatado.
O resultado disso foi que no final da palestra, as cestas ficaram vazias: o cacau, a carambola, o caju, o tamarindo, a banana da terra, o jambo e os demais alimentos que estavam nas cestas, foram levados pelos participantes - que um pouco acanhados pediram se poderiam levar.

Oficina Culinária com o grupo de crianças e o grupo da ginástica pública

Nesta primeira semana que chegamos na cidade, aconteceu a Conferência Municipal de Saúdena Escola Estadual Marcilho Pontes uma Feira Afro-Brasileira (sexta-feira, 15/07/11). Estivemos presente no primeiro evento e no segundo, até tentamos participar, mas quando fomos a escola a coordenadora nos informou que seria somente a tarde - período em que retornaríamos ao campo para avaliação do ambiente alimentar. Apesar disso, consegui resgatar essa atividade por meio de uma matéria feita pelo repórter da TV Acrelândia - Aluízio Oliveira.



No sábado, fomos até a rádio da cidade Alternativa FM 87,9 para divulgarmos o piquenique que aconteceria no final da tarde, às 17h, na praça em frente a Unidade Básica de Saúde. O anúncio dizia sobre o horário, local e convidava as pessoas à levarem sucos e quitutes preparados pelos próprios moradores, além de lembrá-los para levarem os seus próprios talhes, pratos, copos e uma toalha para o piquenique. Ressaltando que isso era importante para o não consumo de recicláveis e a geração de lixo com esses materiais. Como a Neide descreve no post anterior 'Piquenique em Acrelândia', esta foi uma atividade surpreendente!
Na semana seguinte, terça-feira (19/07/11) às 15h, a Deise realizou uma atividade com o grupo de gestantes e nutrizes no CRAS que a Bárbara acompanhou. O tema foi "Mitos e verdades sobre Gestantes e Bebês", além da palestra também foram utilizadas algumas dinâmicas. Houve muita interação, envolvimento, descontração e curiosidade de todas as participantes com a troca de saberes, segundo a Deise. Antes do término da atividade, a Bárbara apresentou as situações encontradas por meio das pesquisas já reliazidas em Acrelândia: somente 1 a cada 10 crianças ficavam em aleitamento materno exclusivo até os 6 meses, 80% já consumiam leite de vaca, em crianças com até os 2 anos de idade 50% não consumiam frutas e hortaliças, foi observado o predomínio de alimentação pastosa (mingaus) que resulta na deficiência de vitaminas e minerais encontrada e também a presença de pão doce, biscoitos, macarrão instantâneo, café, salgadinhos, doces e refrigerantes na dieta das crianças. Nesta atividade percebeu-se o interesse das gestantes em saberem que elas poderiam mudar essas situações apresentadas pela Bárbara.
No final da tarde, às 17h, havíamos marcado uma Oficina Culinária com as crianças do piquenique e às 19h uma Oficina Culinária com o grupo da ginástica pública.
A oficina com as crianças foi muito interessante, primeiro chegou a Elaine e após,   duas crianças mas, nós pensamos...que pena! não vieram todas. Em seguida, chega a Bárbara com um monte crianças que ela saiu "panhando" (chamando/buscando) pela cidade.
As crianças adoraram, curiosas em saberem o que tinha sobre aquele mesa farta e ao mesmo tempo diversa do desconhecido. Elas perguntaram, questionaram - como a Neide encontrou, onde ela tinha colhido aqueles alimentos. Até começarem a por a mão na massa e experimentarem a beldroega e todos acharem azedinho! a carambola, o tamarindo...o jambo, o caju, nem se fala! Durante a oficina a Neide teve uma breve conversa com eles sobre o consumo de alimentos ultra-processados, como salgadinhos e sucos em pó, foi ótima a descrição dela. No final da oficina eles preparam um delicioso suco de carambola!


Terminou a oficina com as crianças e elas ainda quiseram ficar por ali. Então, resolvemos fazer outra atividade utilizando a cartilha que levamos sobre alimentação saudável. Nela eles identificavam frutas, legumes e hortaliças, desenhavam alimentos e aprendiam a importância de lavar as mãos antes de comer.
Além das crianças e o grupo de pessoas da ginástica, participaram também os pesquisadores Alejandro M. Katzin e Ariel M. Silber, do departamento de Parasitologia da USP que foram para o trabalho de campo no Remansinho-RO e a pesquisadora Marcia Castro, demógrafa e professora-assistente da Escola de Saúde Pública de Harvard que foi fazer um estudo piloto de uma pesquisa sobre migrações e aspectos espaciais envolvidos na epidemiologia da malária no Remansinho-RO.
A Neide deu início a oficina e contou com três ajudantes: eu (Lúcia Guerra), a Bárbara e a Maria. Enquanto ela preparava o omelete com beldroega e a moqueca de jaca verde; nós fazíamos os sucos de tamarindo, carambola, carambola com couve, limão com capim cidreira, caju e por fim encerramos com uma salada de frutas (jambo, mamão, banana, carambola e um pouco de suco de tamarindo).
Todos gostaram e aprovaram as preparações! Pediram para a Neide as receitas e claro, queriam saber o segredo daqueles sabores especiais de cada preparação. Ao final estávamos exaustos, porém satisfeitos com os desfechos das atividades do dia.

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