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Coleta urbana - mamão, taioba, alfavaca, cúrcuma, folha de bananeira |
Por Neide Rigo
Fernanda Cobayashi e eu chegamos em Acrelândia com algum tempo pra planejarmos as oficinas. Eu brincava com ela dizendo que me sentia muito lisonjeada por ter na cozinha como ajudante uma pós-doc, que quebrou muita castanha e tirou muita polpa de cupuaçu na tesoura, até o ponto de se enjoar do cheiro. Mas a verdade é que nós duas trabalhamos muito. E não só. Estávamos em seis na casa (as outras, pesquisadoras do projeto de Malária) e todas nos ajudaram muito na hora das oficinas. Para saber mais sobre os dois projetos, de nutrição e de malária, acho que este outro post da minha primeira ida a Acrelândia explica melhor: http://come-se.blogspot.com.br/2011/07/come-se-volta-de-acrelandia.html.
No domingo ainda tivemos a visita da amiga Patrycia e do marido Marcos, que nos levaram vários presentes gastronômicos de Rio Branco, onde moram, já que desta vez não tivemos tempo para visitar a cidade: massa de tapioca, ingás, coquinhos oricuri, cuscuz com leite de castanha, castanhas frescas, pé-de-moleque na folha de bananeira e batatas de taioba. Aliás, ela também postou no blog dela, Mesa na Floresta, sobre a visita. As castanhas foram muito úteis nas oficinas - numa delas usamos na forma de "leite".
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Cupuaçu em terreno baldio |
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Cupuaçus desperdiçados no chão, da vizinha Oliete |
Percebemos que alguns poucos dias (no nosso caso,
uma semana) são importantes para que se estabeleçam contatos pessoais com a
comunidade e também com os profissionais da área de nutrição do município. Embora tivéssemos feito uma programação, sujeita a alterações, assim que chegamos à
cidade, já começamos a mudar de rumo. A primeira sugestão para a oficina estava
ali no quintal da vizinha da casa onde nos
hospedamos. Havia muitos cupuaçus desprezados no chão. Da primeira vez
que estivemos lá notamos a grande quantidade de pés de cupuaçus, mas já não era
mais época. E só agora, em plena safra, percebemos a quantidade de frutas
desperdiçadas nos quintais. Não só cupuaçu, mas também acerolas, jambos e
vários temperos. Ganhamos muitos
cupuaçus da vizinha, Oliete, que alegou não ter tempo para prepará-lo, e já os
reservamos para as oficinas.
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Coentro de folha larga (ou chicória), num quintal |
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Canteiro de cebolinha |
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Horta e canteiro de cebolinha à altura da janela para facilitar a colheita |
No dia
seguinte, andando pela cidade, uma mulher nos convidou a ver seu quintal, repleto de chicória ou coentro de folha
larga, que crescia feito mato. Em outro, muita cebolinha.
Uma característica dos moradores da cidade de
Acrelândia é que quase todos têm também um pedaço de terra na zona rural onde
podem plantar. Quando não tem, ganham frutas e hortaliças dos vizinhos. Por
isto, banana-da-terra e abóbora são itens fáceis de se ter em casa sem que se
os tenham comprado. Outros ingredientes podem ser encontrados nos espaços públicos
como praças, calçadas e terrenos baldios. É o caso, por exemplo, de alfavaca,
cúrcuma, taioba ou mamão que usamos nas oficinas.
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Dona Rute |
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Cúrcuma |
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Dona Vera e pimenta olho de peixe |
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Dona Vera e pé de pimenta-do-reino |
Conhecemos ainda os quintais de Dona Rute e Dona Vera, que nos cederam gengibre, taioba, cúrcuma, pimenta-do-reino, pimenta ardida. Reservamos também um dia para conhecer o Projeto Dois, uma horta muito perto da cidade tocada pelo Seu Dorival e seu filho Carlinhos. Como defensivos contra pragas usam apenas uma calda de pimenta e temperos. Numa manhã, que tinham entrega na cidade, ganhamos deles uma cesta de hortaliças muito frescas - aproveitamos os pepinos e a rúcula para uma salada que levamos para o piquenique na escola rural.
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Horta do Seu Dourival - Projeto 2 |
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Carlinhos nos trazendo hortaliças |
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Fernanda com as hortaliças colhidas naquela manhã |
Sabendo que o comportamento alimentar da população de Acrelândia não difere
muito daquela do restante do país, seguindo uma tendência de redução no consumo
de frutas e hortaliças e aumento de produtos industrializados, e diante do
cenário encontrado, não foi difícil definir o formato final das oficinas.
No que se refere à escolha de ingredientes, um
dos objetivos, além de incentivar o consumo de frutas e hortaliças, era
valorizar o uso de produtos locais e daí a importância de visitar casas,
mercados e hortas no município.
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Cará moela subindo em pé de mamona |
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Muita taioba e cúrcuma em terreno baldio |
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Fernanda com a sacola cheia - nossa coleta urbana |
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Outros produtos acreanos - pesentes da Patrycia, que também serviram para as oficinas |
Parabéns!
ResponderExcluirDessa forma, unindo esforços e ajudando a muitos e que contribuiremos na qualidade de vida, começando pela a alimentação é prioridade, sim.